Nível de escolaridade dos pais influencia rendimentos dos filhos, segundo IBGE. (Foto: Divulgação)
O nível de escolarização dos pais influencia na formação profissional e nos rendimentos dos filhos. É o que apontam os dados suplementares da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014 divulgada nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento considerou diversos indicadores relacionados ao grau de instrução, formação profissional e renda dos pais para analisar a mobilidade sócio-ocupacional dos filhos. “A estrutura familiar parece ter uma importância muito grande em relação tanto ao nível de instrução dos filhos quanto aos índices de alfabetização”, disse a gerente da pesquisa, Flávia Vinhaes.
O levantamento abrange entrevistas realizadas em 2014 com 58 mil pessoas de 16 anos ou mais. Foram consideradas as posicionais sócio-ocupacionais dos pais e mães quando os entrevistados tinham 15 anos de idade.
De acordo com a pesquisa, o rendimento dos filhos está associado ao grau de escolaridade dos pais. Em 2014, a média de rendimentos do trabalho de pessoas com nível superior completo cujas mães não tinham instrução era de R$ 3.078, chegando a R$ 5.826 para aquelas com mães com ensino superior completo.
Já em relação ao pai, o rendimento médio do trabalho de pessoas com nível superior era de R$ 2.603 quando o pai não tinha instrução, chegando a R$ 6.739, no caso de pessoa cujo pai tinha nível superior.
Para pessoas com ensino médio completo, o rendimento médio variava de R$ 1.431, quando a mãe não tinha instrução, a R$ 2.209, para aquelas cuja mãe tinha nível superior; e de R$ 1.367, para aquelas cujo pai não tinha instrução, a R$ 2.884,00 no caso de o pai ter nível superior.
Presença familiar
A pesquisa mostrou também que a presença do pai ou da mãe no ambiente doméstico influencia diretamente na escolaridade dos filhos. “O fato dos filhos morarem com a mãe ou com o pai e a mãe teve uma forte influência no índice de formação”, afirmou Flávia Vinhaes.
Segundo a pesquisa, o índice de alfabetização foi menor entre aquelas pessoas que não moravam com a mãe. A taxa de alfabetização daqueles que moravam com a mãe quando tinham 15 anos de idade chegou a 92,2%, enquanto entre aqueles que não moraram com a mãe na mesma idade foi de 88,1%.
Em relação ao grau de instrução, a pesquisa mostrou que foi maior a taxa dos filhos se instrução que moravam somente com o pai aos 15 anos de idade (16,2%). Os menores percentuais das pessoas sem instrução foi observado entre aqueles que moravam com ambos os pais ou somente com a mãe (10,8% e 10,3%, respectivamente.
Ainda segundo a pesquisa, mais da metade dos filhos (51,4%) tiveram ascensão sócio-ocupacional em relação à mãe, enquanto 47,4% tiveram ascensão em relação ao pai.
Segundo a gerente da pesquisa, Flávia Vinhaes, não há pesquisa anterior para se poder comparar os dados. Ela destacou, no entanto, ser possível afirmar que a ascensão a ascensão tanto no nível de escolaridade quanto de renda está relacionada com a estrutura doméstica.
“Não é só com a estrutura ocupacional ou nível de instrução dos pais, mas com o ambiente doméstico, com os estímulos que os filhos recebem. Não é só uma dependência de renda, não é o capital econômico só que influencia econômico social cultural pessoal. Uma criança que recebe atendimento dos pais, um
Questionada sobre por que filhos que moraram só com a mãe tiveram maior ascensão quanto ao nível de instrução, Flávia Vinhaes esclareceu que a pesquisa não tem base de apoio para fazer esta análise. Todavia, ela sugeriu que os cuidados maternos podem ter maior peso na formação sócio-cultural dos filhos que os paternos.
“Uma criança que recebe atendimento dos pais, que é estimulada pelos pais através de um ambiente familiar que propicie isso, que gere algum desenvolvimento cognitivo, ela vai ter uma posição no mercado de trabalho e uma posição social melhor do que uma criança que não teve esses estímulos, esses cuidados. Eu imagino que seja por isso que a importância [da presença da mãe] é tão fundamental”, ponderou.
Primeiro emprego
A pesquisa mostrou ainda que o nível de instrução formal e a ocupação profissional dos pais refletiu o ingresso dos filhos no mercado de trabalho. Considerando aqueles que moravam com o pai, 73,9% dos filhos começaram a trabalhar antes dos 17 anos de idade.
Quanto menos instrução demandava a ocupação profissional do pai, mais cedo o filho começou a trabalhar. A maioria dos filhos (59,6%) cujo pai era trabalhador agrícola, por exemplo, ingressou no mercado de trabalho antes dos 13 anos de idade. Entre os filhos de pais que trabalhavam por conta própria ou que não tinham carteira assinada, 46,6% começaram a trabalhar também antes dos 13 anos de idade.
Entre aqueles que moravam apenas com a mãe, a pesquisa não identificou diferenças relevantes quanto ao ingresso no mercado de trabalho. A maioria (76,6%) dos que moravam apenas com a mãe começou a trabalhar também até os 17 anos. A grande maioria cuja mãe era trabalhadora agrícola (65,9%) também começou a trabalhar antes dos 13 anos de idade.
Outro dado apontado pela pesquisa é em relação aos filhos que reproduziram as ocupações profissionais dos pais. Do total de entrevistados, 33,4% seguiu no mesmo ramo dos pais.
A ocupação que teve maior ingresso dos filhos seguindo a dos pais foi na área das ciências e das artes (46,1%), seguidas pelas áreas dos trabalhadores agrícolas (34,9%), da produção de bens e serviços e de reparação e manutenção (31,4%), e de serviços (26,2%). A área de dirigentes em geral foi seguida por 19,4% dos filhos.
Ainda segundo a pesquisa, 47,4% dos filhos melhoraram suas condições de trabalho em relação aos pais, enquanto 17,2% ocuparam postos de trabalho com rendimento menor e vulnerabilidade maior.
Daniel Silveira-Do G1, no Rio-16/11/2016 10h42-Atualizado em 16/11/2016 12h41