A poucas horas do início previsto para a votação da cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo menos dez partidos, incluindo PT e PSDB, confirmaram nesta segunda-feira (12) que as suas respectivas bancadas estarão presentes em peso na sessão marcada para começar às 19h.
Entre as legendas que prometem a presença de todos os seus deputados estão PT (com 58 parlamentares), PSDB (50 deputados), DEM (27), PPS (8), PSB (33), PCdoB (11), PSOL (6) e Rede (4), além do PSD (35) e do PR (42), que integram o chamado Centrão, bloco informal apadrinhado por Cunha.
Somadas, essas bancadas totalizam 274 deputados, número suficiente para dar início à votação, que exige 257 presentes no plenário. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem dito, porém, que pretende começar a votação quando houver a presença de cerca de 400 deputados. Por volta das 16h45, havia 241 deputados na Câmara e 185 já tinham registrado presença no plenário.
PROCESSO DE CUNHA
Plenário da Câmara julgará deputado
O PMDB, partido de Cunha, não fez esse levantamento sobre quantos parlamentares deverão estar presentes no plenário. A situação é a mesma do PTB, liderado por Jovair Arantes (GO), um dos principais aliados do deputado afastado, que ainda não sabia quantos estariam presentes.
Os deputados Marcelo Matos (PHS-RJ) e Toninho Wandscheer (PROS-PR) apresentarão atestado para tratamento de saúde e deverão se ausentar da sessão. No entanto, eles podem decidir, em cima da hora, pedir o fim da licença e comparecer para votar.
O G1 não havia conseguido contato com as demais siglas até a última atualização desta reportagem.
Quórum
Um dos receios de adversários do peemedebista era de que a sessão ficasse esvaziada em razão do período eleitoral e por ser uma segunda-feira, dia tradicionalmente menos movimentado no Congresso. Isso poderia beneficiar Cunha, uma vez que ausências contariam a seu favor, pois são necessários, no mínimo, 257 votos para que ele tenha o mandato parlamentar cassado. Se esse placar não for atingido, ele é absolvido.
Para garantir uma tramitação rápida e encerrar a votação ainda nesta segunda, alguns partidos, como PSB e DEM, vão reunir as suas bancadas pouco antes da sessão para traçar estratégias de atuação no plenário.
“A ideia é acabar hoje [nesta segunda] e não contribuir para atrasar por ventura, involuntariamente. Não conseguir terminar isso hoje vai ser um desgaste para a imagem da Câmara”, afirmou o líder do PSB, Paulo Foletto (ES).
Para o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), quem faltar à sessão desta segunda-feira estará apoiando o peemedebista. "Muitos deputados me contaram que foram aplaudidos em comícios ao dizerem que viriam a votação. Acredito que até meia-noite essa decisão está tomada. Eu tenho absoluta convicção de que os aliados de Cunha vão tentar todo o tipo de manobra, mas acho que há uma maioria confortável no plenário para evitar que essas manobras prosperem. É hora de cassar Eduardo Cunha e livrar a Câmara dele. Não dá para ficar omisso", disse Molon.
A sessão acontece dez menos após o início da tramitação do processo no Conselho de Ética, que já é o mais longo da história da Casa. Ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha é acusado de mentir à CPI da Petrobras sobre a existência de contas secretas no exterior. Ele nega e afirma ter apenas o usufruto de fundos geridos por trustes (entidades jurídicas que administram bens e recursos).
Fernanda Calgaro-Do G1, em Brasília-12/09/2016 16h57-Atualizado em 12/09/2016 18h04