- - Brasília - O PT, especialmente do Senado, e o ex-presidente Lula desistiram da presidente afastada Dilma Rousseff. Isso não significa uma ratificação ao governo interino de Michel Temer, nem o fim dos ataques ao peemedebista, chamado de golpista e traidor pelos petistas, mas a constatação de que um pós-Temer não passa pela conclusão do mandato dela até 2018. - “O povo não quer ela de volta”, resignou-se Lula, em conversa relatada por alguns interlocutores há duas semanas, na sede do instituto que leva seu nome, em São Paulo. - - Por isso, os senadores defendem, cada vez mais, o discurso de novas eleições, em vez do simples retorno da presidente afastada. - - Essa avaliação vem por diversas formas. - - A primeira é que o PT e os movimentos sociais não conseguiram incendiar o país após o afastamento de Dilma do poder. - - Na quarta-feira, ela apresenta sua defesa na comissão do impeachment no Senado.
- - Apesar do aparente sucesso do crowdfunding Catarse, que conseguiu arrecadar mais de R$ 500 mil para garantir as viagens da petista, as ruas não responderam com a mesma intensidade que os dirigentes partidários esperavam. - - Pesou muito, na visão de alguns interlocutores do partido, a ausência de Lula em diversas manifestações. “Lula está muito baqueado por causa da família. - - Todos sentem quando familiares são envolvidos em investigações. - - Mas ele, pessoalmente, ainda não se recuperou totalmente após a pressão que exercida sobre o filho, Luís Cláudio Lula da Silva, na Operação Zelotes”, disse um integrante do partido que acompanha de perto a defesa da presidente.
- - > ARROGANTE:
- - Outro incômodo é a postura, considerada arrogante por muitos, de Dilma. Daqui a nove dias, em 12 de julho, ela completará dois meses fora do Palácio do Planalto. - - Nestes quase 60 dias, em nenhum momento, foi capaz de fazer uma autocrítica sobre os erros cometidos, tanto na política quanto na economia. - - Sequer conseguiu apresentar uma plataforma mínima de sugestões para tirar o país da crise, caso volte ao poder após a votação do impeachment no Senado, prevista para o fim de agosto.
- - Os aliados de Dilma admitem que há a dificuldade de ela sequer manter os 22 votos que conseguiu na primeira votação, que aprovou a admissibilidade do processo de impeachment. - - Eles reclamam que a pressão do Planalto está muito intensa, com a sinalização de cargos, emendas, e apoio nas eleições municipais, como é o caso de Romário (PSB-RJ), que disputará a prefeitura do Rio em outubro e ainda conseguiu emplacar Rosinha da Adefal na Secretaria Nacional das Pessoas com Deficiência Física.
- - - - - - - > Paulo de Tarso Lyra/EM - Postado em 04/07/2016 06:00 / Atualizado em 04/07/2016 16:11