Iniciativa segue modelo usado pelas empresas aéreas
Já pensou em economizar comprando? É isso que o especialista em Previdência Social Luis Eduardo Afonso defende, um modelo semelhante ao de milhas, usado pelas companhias áereas, em que a compra de determinados produtos é revertida em benefícios para a aposentadoria.
“Você faz uma coisa hoje e, ao mesmo tempo, ajuda a sua aposentadoria lá na frente”, diz Luis Eduardo Afonso, que é professor associado no Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP). “Você poderia trocar, por exemplo, por um determinado valor no seu plano de previdência”, complementa.
Afonso apresentou a ideia na última sexta-feira (4) em audiência pública sobre previdência complementar promovida pela Secretaria de Previdência. Diante do cenário da Previdência Social deficitária e da reforma do setor que está parada no Congresso Nacional, o governo debate formas de ampliar a previdência complementar, ou seja, a privada.
“É necessária uma mudança de mentalidade e percepção do desafio da longevidade e das novas formas e relações de trabalho. Vai ser cada vez mais importante a poupança individual e o esforço próprio para custear as necessidades dos brasileiros durante o período de aposentadoria”, defende Afonso.
A ideia original é de um grupo de pesquisadores do México, que publicaram um estudo sobre a chamada Miles of Retirement (em tradução livre, milhas para a aposentadoria). “Nós usamos o prazer de gastar ao invés da dor de economizar”, dizem.
Afonso acredita que a ideia é perfeitamente aplicável no Brasil. “Eu acho que existe muito espaço para soluções inovadoras. A gente tem sido quase atropelado pelo tanto de inovação que tem aparecido, como abrir conta sem precisar ir no banco e o cartão eletrônico”, diz, e acrescenta: “Acho que temos que estar de olho aberto porque temos novas relações de trabalho e novas necessidades. Pessoas com perfis distintos demandarão produtos distintos”.
Previdência Social continuará existindo
De acordo com o Secretário de Previdência Social do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, a previdência complementar, como o próprio nome indica, não deverá substituir o sistema atual. “Os benefícios não contributivos, o benefício de prestação continuada, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o regime dos servidores públicos, tudo isso continua e deve continuar”, diz.
“Nesse sentido de complementação, a gente chama a sociedade para expor as suas ideias e debater formas de ampliação da previdência, olhando do ponto de vista das pessoas, como fonte de renda complementar, e para o país, para servir de fonte de poupança adicional do país, para financiar novos investimentos e venha gerar renda e emprego para a população”, ressalta.
Segundo Caetano, o Executivo não deverá enviar novas propostas para o Congresso Nacional que tratam de previdência. A secretaria conta com o Conselho Nacional de Previdência Complementar, que atualmente discute a possibilidade de criação de um CNPJ por plano de benefício e a criação de planos setoriais, “que é tentativa de expandir a cobertura do regime previdenciário brasileiro”, diz Caetano.
Edição: Carolina Pimentel
Publicado em 06/05/2018 - 19:00
Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Brasília/Site EBC
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