Segundo pesquisa da CNI, receio alcança maior taxa desde junho de 2016
EM - Estado de Minas
Postado em 07/10/2017 06:00 / Atualizado em 07/10/2017 07:49
O medo do brasileiro de ficar sem trabalho voltou a subir apesar de o país estar apresentando alguns sinais de recuperação da produção e do emprego. É o que mostra levantamento divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Índice de Medo do Desemprego subiu para 67,7 pontos em setembro, representando aumento de 1,6 ponto em relação ao registrado em julho.
SAIBA MAIS
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O indicador de setembro é o segundo maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. As únicas pontuações maiores que a do mês passado foram os 67,9 pontos verificados tanto em maio de 1999 quanto em junho de 2016. O dado de setembro também está bem acima da média da pesquisa, de 49 pontos.
“Se uma pessoa tem receio de que ela ou alguém próximo venha a perder o emprego, isso reflete na alta do indicador”, explica a economista da CNI Maria Carolina Marques. Segundo ela, fatores como a instabilidade política e incertezas sobre a retomada do crescimento influenciam a piora no indicador .”As notícias positivas da economia vêm acompanhadas por notícias negativas e há, ainda, 13 milhões de desempregados”, destaca.
A CNI também divulgou o Índice de Satisfação com a Vida de setembro, que ficou praticamente estável em relação a julho: subiu de 65,9 pontos para 66 pontos. A marca foi mantida, de acordo com a CNI, por influência da Região Sudeste, onde o indicador subiu 1,3 ponto no período. Na contramão, houve queda no Norte-Centro-Oeste, de 2,6 pontos. No Nordeste, o índice caiu 0,1 ponto e, no Sul, 0,7 ponto. A pesquisa dos dois indicadores foi feita com base em 2 mil entrevistas em 126 municípios. Os resultados se referem a coletas feitas de 15 a 20 de setembro.
Dificuldades financeiras
Os indicadores da CNI são coerentes com outra pesquisa, também divulgada ontem pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que retrata as dificuldades financeiras das famílias. Apesar dos primeiros sinais de retomada da economia, os clientes ainda enfrentam alguns problemas para obter crédito e pagar suas contas em dia, de acordo com os levantamentos de dados feitos pelas duas instituições. Seis em cada 10 consumidores pretendem cortar gastos.
Entre os consumidores com empréstimos e financiamentos, 34% admitem que houve atrasos ao longo do contrato e 16% dizem estar, no momento, com parcelas pendentes de pagamento, o que totaliza 50% desses consumidores com dificuldades para honrar os compromissos. É o que mostra o Indicador de Uso do Crédito de agosto, apurado pelo SPC Brasil e CNDL.
A sondagem mostra que 14% dos entrevistados contraíram algum empréstimo e ainda têm atualmente parcelas a pagar, enquanto 18% têm parcelas de financiamentos pendentes. Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o perigo de endividamento ronda as famílias.
“A inadimplência atinge hoje cerca de 59 milhões de consumidores no Brasil, o que representa quase 40% da população adulta. O contexto de crise econômica, com desemprego elevado e redução da renda das famílias, agrava ainda mais o cenário”, afirma.
A pesquisa foi realizada em 12 capitais das cinco regiões brasileiras, incluindo Belo Horizonte, com amostra de 800 casos.