Com reação de indicadores de vendas e nova lei, contratos por tempo determinado deverão crescer 5,5% frente a 2016
EM - Estado de Minas
Postado em 25/09/2017 06:00 / Atualizado em 25/09/2017 08:20
Depois de duas quedas seguidas, a contratação de trabalhadores temporários para reforçar as vendas motivadas pelo Natal deve voltar a crescer neste ano, puxada pela melhora da economia e pela mudança na legislação dos contratos por tempo determinado, em vigor desde março, que deu mais segurança jurídica para as empresas admitirem. Deste mês a dezembro, a perspectiva é de que sejam contratados 374,8 mil temporários na indústria, no comércio e nas empresas prestadoras de serviços, contingente 5,5% maior do que o verificado no mesmo período de 2016, segundo estimativas da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), que reúne 200 agências de emprego.
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Do lado dos candidatos, a procura por uma vaga temporária ganhou força neste fim de ano porque o desemprego ainda está em níveis elevados. Levantamento feito em agosto com 2 mil currículos cadastrados no portal de carreiras vagas.com.br revela que 77% dos candidatos pretendem realizar trabalho temporário em 2017. “Foi o maior resultado desde que a pesquisa começou, em 2013”, diz o coordenador do levantamento, Rafael Urbano.
Um dado do levantamento que chama a atenção é que, entre aqueles dispostos a realizar trabalho temporário de fim de ano, 65% pretendem procurar emprego do mesmo tipo no restante do ano também. Apesar da reação na oferta de vagas temporárias, o volume do emprego sazonal em 2017 é bem menor do que o registrado três anos atrás, observa Márcia Constantini, presidente da Asserttem.
Em 2014, foram abertas 490 mil vagas nesse período. “Houve períodos em que se chegou a contratar 180 mil trabalhadores só em dezembro”, lembra Márcia. Para 2017, a expectativa é de 115 mil admissões no mês, segundo a Asserttem, que projetou as admissões com base na reação observada no emprego temporário no ano até agora.
“Até 2016, as empresas estavam receosas e seguraram as contratações de temporários por causa da crise”, diz Fernando Medina, diretor da agência Luandre. Ele conta que, neste ano, o quadro mudou. Na empresa dele, houve antecipação de contratações de temporários de agosto para o fim de junho, e aumento de 18% nas vagas ante 2016. Desde junho, a agência admitiu 1,2 mil temporários, sendo a maioria para o varejo, sobretudo o de vestuário.
A paulista Besni, por exemplo, varejista de vestuário, com 36 lojas, vai admitir entre 800 e 1 mil temporários neste fim de ano, número 10% superior ao de 2016, segundo o gerente de Recursos Humanos, Arnaldo de Paula. O aumento das admissões reflete a melhora nas vendas.
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) calcula que 25 mil temporários serão admitidos neste ano, entre outubro e novembro, com crescimento de 30% na comparação com 2016. “Será o maior número desde 2014, quando foram admitidos 30 mil”, diz Jair Vasconcellos, economista da entidade.
Nova lei
Para o advogado José Carlos Wahle, da Veirano Advogados, a nova lei de trabalho temporário acelerou a contratação neste ano. “Mas não foi o fator determinante.” Antes, sob o risco de multa, as empresas não podiam admitir temporários para eventos previsíveis, como a alta sazonal do consumo. “A nova lei permite e, além disso, o prazo de admissão foi ampliado de 90 para 180 dias.”