Se o contrato terminar sem nenhum sinistro, o titular pode recuperar parte do que foi pago corrigido pela inflação
Postado em 10/09/2017 06:00 / Atualizado em 10/09/2017 08:42
Site Estado de Minas
Brasília – Muitos consideram que fazer um seguro é dinheiro perdido. Se não precisar utilizá-lo, o consumidor pode ter a impressão de que o gasto foi alto e sem retorno. Mas existe uma categoria que vem crescendo no mercado e atraindo pessoas que querem proteger a família e, ao mesmo tempo, fazer uma poupança. O seguro de vida resgatável permite que o beneficiário contribua todo mês e, caso algo grave ocorra, como morte, invalidez total ou parcial e até doença terminal, receba o valor combinado. Se o contrato terminar sem nenhum sinistro, o titular pode recuperar parte do que foi pago corrigido pela inflação. Dependendo do contrato, a devolução vai de 30% a 95% do valor pago.
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A lógica é diferente do seguro de vida convencional. Neste, todo o dinheiro das mensalidades é voltado para a cobertura do sinistro. No resgatável, além de o dinheiro ter esse destino, parte vai para uma reserva de acumulação que vai se capitalizar ao longo do tempo. Por isso, o plano é conhecido por aliar a proteção da família a uma poupança. Pedro Borges Neto, da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), compara essa modalidade com os combos das redes de fast food. “É um produto acoplado que oferece seguro e investimento. No fim do contrato, a pessoa pode renovar o seguro ou pegar parte do dinheiro de volta”, destaca.
É o que o médico Pedro Mendes de Oliveira Filho, de 35 anos, está fazendo. Ele tem uma esposa e uma filha, e há três anos percebeu a necessidade de proteger a família caso algo adverso acontecesse. Como é um produto que precisa ser escolhido com cuidado, ele pesquisou bastantes as ofertas e encontrou o seguro de vida resgatável. “O fato de ter a possibilidade de reaver parte do dinheiro sobressaiu. O custo/benefício vale muito mais a pena, porque eu garanto a mesma proteção se algo ruim acontecer, com a vantagem do resgate”, afirma.
E o valor não precisa ser retirado apenas no fim do contrato. Se precisar do dinheiro com urgência, a pessoa pode resgatar parte do que foi contribuído. Normalmente, o período de carência dos seguros é de dois anos. A partir desse período, o titular já pode ter acesso ao montante, mas quanto mais tempo o consumidor deixar os recursos no plano maior será o retorno no futuro.
Maristela Gorayb, diretora da Mapfre Previdência e Vida Resgatável, destaca que a procura pelo seguro, que chegou ao país no início da década, vem aumentando substancialmente. “As pessoas percebem que ele é mais vantajoso que o tradicional. Elas consideram melhor poder receber o dinheiro no futuro do que só ter a cobertura de um sinistro”, observa. As seguradoras destacam que as vendas do produto cresceram 40% nos últimos três anos.
Pedro Mendes de Oliveira achou o produto tão vantajoso que adquiriu dois, um que terminará quando ele alcançar 55 anos e outro aos 75 anos. “É preciso pensar a longo prazo e chegar à aposentadoria vivendo bem. Depender do governo é difícil. Então, é preciso me preparar para o futuro e, se precisar, deixo a família em boas mãos”, declara.
Preço
Por oferecer “dois produtos em um”, o seguro de vida resgatável é duas a quatro vezes mais caro que os tradicionais, mas é possível encontrar níveis atrativos. Os preços variam de R$ 200 a R$ 2.000, dependendo do período de contrato, empresa, saúde do consumidor e cobertura. “O produto se divide em três. Parte da mensalidade vai para arcar com os custos administrativos da seguradora, parte para a cobertura e o restante para esta reserva de acumulação. Isso faz com que o seguro seja naturalmente mais caro”, explica Neto, da Planejar.
Outra vantagem que o seguro de vida resgatável tem sobre o convencional é que as mensalidades não variam com a idade do cliente. Os reajustes são anuais, de acordo com a inflação. Por isso, não há aumento substancial do preço à medida que a pessoa envelhece. Além disso, a mensalidade é precificada depois de uma avaliação prévia de saúde. O beneficiário faz um exame para o seguro ter conhecimento de problemas de saúde, histórico na família, se é fumante e se pratica exercícios físicos, por exemplo. Por isso, é muito mais difícil ocorrer uma negativa da seguradora para a cobertura.