Crise faz cidades voltarem a usar lixões para descarte de resíduos, alerta associação
Brasil
Publicado em 01/09/2017

Eliane Gonçalves - 31/08/2017 - 16h12 - São Paulo/Radioagência Nacional/Site EBC

 

Pela primeira vez, desde que foi implantada a política nacional de resíduos sólidos, em 2010, voltou a crescer o número de cidades que assumem usar os lixões para o descarte do lixo.

 

Em 2016, sete municípios que já vinham descartando os resíduos em aterros sanitários e aterros controlados, espaços mais adequados para o tratamento dos resíduos, voltaram a usar os lixões.

 

O número parece pequeno, mas a prática é proibida desde 1981 e as prefeituras tinham até 2014 para acabar com esses locais.

 

Em 2015, 1.552 municípios ainda usavam os lixões. Agora esse número subiu para 1.559. Hoje, ainda existem no Brasil 2.976 lixões, incluindo o da Estrutural, em Brasília, o maior da América Latina.

 

Os números são da Abrelpe, a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Sólidos, que monitora o sistema de tratamento de resíduos sólidos do país desde 2003. O descarte do lixo em aterros sanitários custa entre R$ 90 e 1$ 100 por tonelada. Já o descarte em lixões teria custo zero.

 

Para o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, com a crise econômica, as prefeituras, responsáveis pela gestão do lixo, não hesitam em fazer cortes no setor. 

 

Segundo Carlos Silva Filho: "Alguns municípios que foram identificados pelo panorama tiveram aí uma replanejamento no sentido de não ter a despesa aplicada adequada e voltaram a usar a despesa em unidades inadequadas. Então, infelizmente, o que nós percebemos é que ainda o assunto não está maduro para os gestores públicos municipais e ante uma dificuldade econômica eles não hesitam em reduzir a despesa mesmo que comprometendo o meio a ambiente e a saúde das pessoas."

 

Segundo a Abrelpe, o custo anual para o descarte adequado de todo o lixo do país é estimado em R$ 750 milhões. Já os gastos com os problemas gerados pelo impacto do lixo no meio ambiente e na saúde das pessoas custa cerca de R$ 3,6 bilhões.

 

Também foi registrada uma queda de quase 6% nos empregos de limpeza pública, com 17.700 vagas fechadas em todo país.

 

Hoje o Brasil gasta, em médio, R$ 9,90 por mês, por pessoa com a coleta de resíduos e 18 milhões e 400 mil brasileiros ainda não são atendidos pelo serviço de coleta de lixo.

 

A Abrelpe diz que não divulga o nome dos municípios que voltaram a adotar o uso de lixões.

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